Concurso CODHAB - Setor Habitacional em Ceilândia | 2019

Brasília, Distrito Federal, Brasil

Os intentos de organizar a cidade por atividades e faixas de renda mostraram-se um fracasso tanto no que se refere à segurança quanto à mobilidade. A diversidade funcional e a pluralidade social são a chave de uma cidade democrática, mais solidaria e, portanto mais segura. O projeto parte dessa premissa na mistura de atividades e no atendimento a populações com diversas faixas de renda:

• Conjuntos de 3 andares HIS 1 (até três salários mínimos)

• Prédios de 10 andares HIS 2 (até seis salários mínimos)

Nas bordas da área –e ligadas às ruas de acesso- foram localizadas as atividades produtivas do bairro:

• No setor Norte os pavilhões de feiras e exposições e a central de triagem de lixo

inorgânico;

• No setor Sul as incubadoras industriais e escola técnica a elas vinculada;

• No Centro da área a praça central com comércios e equipamentos públicos.

O projeto urbano rodoviarista –cada vez mais questionado- cede lugar a ruas compartilhadas, pequenas praças com comércios nas esquinas, áreas de lazer para crianças. O controle da velocidade se da através da descontinuidade das ruas e do tratamento dos pisos. Cuidados que proporcionam uma fluidez natural na mobilidade urbana.

Os espaços públicos estão vinculados a atividades e usos definidos para gerar as necessárias condições de manutenção e segurança:

• A praça da juventude, vinculada ao CEF, UBS e PCDF

• A praça central, vinculada ao CRAS, ao CEI, ao Espaço Multiuso e comércios.

• O parque Norte, vinculado aos pavilhões de feiras e exposições.

O projeto propõe uma serie de espaços abertos com clara definição dos domínios de uso:

• Miolos de quadra de domínio condominial e escala doméstica;

• Ruas, praças e parques ligados a usos comunitários, de domínio municipal.

As edificações de maior altura no eixo da praça central, com seus térreos comerciais, contribuem à clara leitura da nova centralidade proposta. Para assegurar a acessibilidade desde o primeiro momento, as edificações baixas serão de três pavimentos possibilitando a inclusão de rampas que dão acesso a todas as unidades dos conjuntos. Os prédios de 10 andares terão dois elevadores cada.

A escolha do partido urbano para os espaços abertos foi o de uma permeabilidade inteligente, que incorporasse os escoamentos gerados pelos edifícios e pisos através de materiais drenantes pela paisagem. Esse sistema de drenagem sustentável será também alimentado pelas águas cinzas dos edifícios e servirá para melhoria das condições de conforto ambiental dos espaços de uso comum, ao mesmo tempo que trarão as condições para economia da água tanto para o cuidado dos espaços de uso de lazer como produtivos.

As áreas verdes acompanham o curso das águas e criam uma leitura do regime hídrico do terreno e do solo. Os jardins das áreas condominiais representam uma oportunidade para a prática de agricultura sustentável nos miolos de quadra. Além de permitir um uso mais vernacular, voltado para o dia a dia dos moradores, em suas atividades de jogos, brincadeiras, cuidado de plantas e animais, entre outras atividades cotidianas, procurando reproduzir uma ambiência de chácara de lazer e produção.

Os pavilhões de feiras e exposições de produtos ecossustentáveis, orgânicos e naturais no parque norte da área, visível desde a estrada BR 70, serão uma oportunidade de viabilizar o escoamento da produção das quadras.